sexta-feira, 9 de outubro de 2009

http://televisionado.wordpress.com/20...









 







 








Como nasceu o indiozinho da Tupi?





O começo das atividades da PRF-3-TV Tupi-Difusora representava, na
verdade, dois grandes desafios: o primeiro era fazer com que as pessoas
se habituassem à programação e os artistas da nova emissora, e o
segundo era fazer com que as pessoas se habituassem à TV em si. Uma
dupla missão que tornou ainda mais árdua a tarefa dos nossos pioneiros.


Como forma de acelerar esse processo de adaptação por parte do
público, muito foi feito para explicar exatamente do que se tratava
aquela nova caixa iluminada que passaria a ser peça obrigatória das
salas de todos os brasileiros. Para isso, muitos apelidos foram
empregados e um deles, que para muitos era o mais adequado, foi usado à
exaustão: “rádio com imagens”.


Transferir a popularidade do maior entretenimento da época para
aquele que estava nascendo não era uma estratégia inédita, já que muito
do cinema mudo, por exemplo, veio do teatro. Essa receita foi novamente
usada, sendo, dessa vez, o rádio a principal fonte de talentos,
programas e até esquemas comerciais. Tudo (ou praticamente tudo) do que
se viu nos primeiros tempos da TV já era parte da vida das pessoas
através das rádios Associadas paulistanas Tupi e Difusora (que, como se
pode ver, emprestaram até seus nomes à nova estação).


A identificação gráfica da nova televisão também veio do rádio.
Muitos podem se perguntar como isso era possível, visto que o rádio não
tem imagens. É que o rádio, além de ceder seu nome, cedeu seu símbolo,
que já era muito familiar para os ouvintes paulistas (especialmente
devido à maciça divulgação feita através dos jornais e revistas
Associadas): era o índio guerreiro da PRG-2 que, com seu olhar fixo no
horizonte, sua lança na mão e seu físico trabalhado, impunha respeito.


Respeito e tradição: dois valores que justificam a adoção, pela nova
emissora televisiva, do bravo índio como símbolo. Ele transferia para o
vídeo, além da sua cara fechada, todo o respeito e tradição conquistada
pela Rádio Tupi paulistana.


Porém, o começo da televisão envolvia um trabalho muito complexo e
falhas, especialmente técnicas, freqüentemente aconteciam. E quando
elas aconteciam, recorria-se ao índio guerreiro, que permanecia, às
vezes horas a fio, firme, bravo e olhando para o horizonte.


O público não perdoa. Insatisfeito com as constantes interrupções,
ele passou a transferir para a imagem do índio a idéia de algo
enfadonho. Chegou-se até a cunhar a seguinte expressão: “Você é mais
chato que o índio da Tupi!”. Quando uma coisa dessas começa a acontecer
e sua marca, antes tão respeitada, passa a ser sinônimo de coisa ruim,
é chegada a hora de se fazer algo para mudar isso. E rápido.


Mario Fanucchi, então responsável pela feitura das cartelas que
abriam e encerravam os programas e transmissões (o primeiro diretor de
arte da nossa TV), propôs algo que viria a marcar para sempre a vida de
várias gerações de brasileiros: em substituição àquele grande índio
sério, entraria no ar o pequeno e simpático Tupiniquim. Os traços desse
menino-índio eram, segundo o próprio Fanucchi, inspirados na estética
Disney, que, na época, estava ainda se consolidando no cenário
internacional.


O risonho índio serviria para amansar o telespectador impaciente e,
ao mesmo tempo, aproximar o canal do público infantil. O indiozinho
também trouxe consigo outra revolução: ele, como a marca do canal,
passou a interagir também com os títulos e artistas das atrações
através de belíssimas ilustrações.




Isso deu uma nova dinâmica para a televisão brasileira e essa
experiência altamente bem-sucedida serviu de base para todas as outras
televisões Associadas que foram inauguradas depois e também para as
concorrentes, que enxergaram nos mascotes uma forma de contornar
problemas e fidelizar seu público.


Para saber mais sobre essa belíssima história, não deixe de ler o
livro “Nossa próxima atração: o interprograma no canal 3”, de Mario
Fanucchi, publicado pela Edusp.


~ por Fernando Morgado em 08/05/2008.












Deixe uma resposta














* Nome





* E-mail (private)





Site












Notificar-me os comentários mais recentes via e-mail.












 











Site