quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Professor Ismael Coutinho

Em primeiro lugar, explicitarei sobre o meu patrono, Ismael de Lima Coutinho.


Nasceu em 12 de maio de 1900, em
Santo Antonio de Pádua, município fluminense. Eram seus pais José
Coutinho de Carvalho e Amélia Mascarenhas de Lima Coutinho. Seu pai era
um modesto comerciante de secos e molhados, mais tarde dono de padaria.


Ismael Coutinho, ainda muito jovem, passou a dedicar-se ao estudo de vários idiomas, notadamente o latim e o grego.


Salientamos que foi grande humanista, filólogo e educador.


Wanderlino Teixeira Leite Netto relata em seu livro A Dança das Cadeiras.


Conhecedor dos modelos literários
como poucos e da língua portuguesa como raros; dedicou sua vida à
defesa do idioma pátrio. Foi alfabetizado por Lourença Guimarães,
grande educadora do norte fluminense.


Jovem, iniciou o seu magistério no
Colégio Sylvio Leite, no Rio de Janeiro, em seguida no Colégio de Pádua
e no Liceu de Humanidades em Campos dos Goytacazes.


Mais tarde, no Liceu Nilo Peçanha, em
Niterói, ocupou a Cátedra de Português/Literatura. Durante muitos anos
lecionou Português, Latim e Grego nos Colégios Brasil e Bitencourt
Silva.


Era bacharel em Direito.


Vale a pena rememorar também, que com
um grupo de educadores, fundou em Niterói, o Instituto de Humanidades,
mais tarde denominado Colégio José Clemente e posteriormente Instituto
Gay Lussac. Participou de inúmeras bancas examinadoras de concursos
para provimentos de cátedras.


Em 1947, juntamente com Durval
Batista Pereira, que veio a ser reitor da Universidade Federal
Fluminense, fundou a Faculdade Fluminense de Filosofia.


Foi seu primeiro diretor, ali
lecionando por 18 anos consecutivos Língua e Literatura Latina. Exerceu
funções político-administrativas e técnicas, tais como: secretário de
Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, membro da Comissão do
Livro Didático do Ministério da Educação e Presidente do Conselho
Estadual de Educação.


Administrador probo e diligente, muito trabalhou para o desenvolvimento da cultura.


Firmou-se como um dos maiores filólogos brasileiros.


Renato de Lacerda, o poeta que Rio Bonito deu ao Brasil, num soneto, assim descreve Ismael Coutinho:


Simpático, corpulento, corado de pele fina e boca bem pequena é professor há muito consagrado pela cultura de eloqüência plena.


O idioma pátrio ensina com agrado
esta do Lácio, língua tão amena belezas apontando entusiasmado enquanto
os erros com vigor condena.


Aulas, livros, discursos, conferências tem dado em pedagógicas seqüências no portentoso mundo juvenil.


Assim, com patriotismo trabalhando o nível de instrução vai elevando para a suprema glória do Brasil.


Ismael Coutinho pertenceu a Academia
Fluminense de Letras, Academia Fluminense de Filologia e a Sociedade
Brasileira de Romanistas.


Deixou publicado Pontos da Gramática Histórica, que a partir da 4ª edição passa a ser chamada Gramática Histórica. Constitui
essa gramática, o estudo da língua portuguesa, seu uso e a importância
da correspondência entre o idioma falado no Brasil e no seu país de
doação, isto é, Portugal.


Em 1928 lançou dois livros: O Problema da Crase, e o outro, foi sua tese para a cátedra de Português, do Liceu de Humanidades de Campos.


Em 1954 escreve Os Estudos Gramaticais, que eram sugestões metodológicas para a execução do ensino de Português.


Respostas a um Critico e A Propósito de Minha Gramática Histórica chegam as livrarias em 1955. Prefaciou a Bíblia Medieval Portuguesa cujo autor era Serafim da Silva Neto, como também fez o Prefácio dos livros O Modernismo Brasileiro e A Língua Portuguesa , de Luiz Carlos Lessa .


A Vida amorosa de Horácio e a Desistência do Acusativo Indo Europeu foram lançados em 1964, sendo que o primeiro foi um estudo proferido na Sociedade Brasileira de Romanistas.


Publicou inúmeros artigos em revistas especializadas.


Deixou inédita aquela que seria sua
tese de concurso, na qual vinha trabalhando nos dois últimos anos de
sua vida, para professor titular de Língua e Literatura Latina, na
antiga Faculdade Fluminense de Filosofia.


O dia 24 de julho de 1965 trouxe
grandes tristezas: falece Ismael Coutinho num acidente automobilístico
em São João da Boa Vista, no Estado de São Paulo.


Após sua morte, a Escola Normal de Niterói passou a denominar-se Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho.


O patrono da cadeira nº 43 desta
Academia Niteroiense de Letras, foi, segundo o professor Rosalvo do
Vale, um cidadão simples, sábio e bom.


Paulo de Almeida Campos


Foi o primeiro ocupante da cadeira nº 43, tendo marcado com sua inteligência cultura e civismo, a época em que viveu.


Nasceu no dia 4 de janeiro de 1915,
em São Sebastião do Alto, Estado do Rio de Janeiro. Dona Eponina de
Almeida Campos e Célio Campos foram seus pais. Foi casado com D. Maria
Letice Souto Campos, com quem se encantou em um baile na cidade de
Miracema e que lhe deu três filhos: Virgínia, Berenice e Paulo Gustavo.
Viveram todos os encantos de um amor sincero, onde a dignidade, o
carinho e o respeito, abençoaram a vida familiar. Letice, professora de
educação física, foi sua amorável e incansável companheira pelos
caminhos da vida.


Quando de sua posse na Academia
Niteroiense de Letras, veio a relembrar de seu pai e de sua mãe,
oferecendo-lhes, a alegria, o orgulho e o encantamento do momento.
Reviveu os momentos saudosos de sua infância, menino pobre e simples
acompanhando o pai, de fazenda em fazenda, vendendo o produto da
plantação de fumo. Seu pai estava arruinado pela queda do café.


Somente aos nove anos iniciou o
antigo curso primário no Colégio Carlos Cortes em Cordeiro, Estado do
Rio de Janeiro, indo mais tarde para o Colégio Modelo, situado em Nova
Friburgo. Na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, concluiu o Curso
Normal. Em 1939 colou grau de bacharel pela faculdade de Direito de
Niterói. Em 1950, obteve a licenciatura em Pedagogia.


Convém salientar que exerceu o
magistério, mostrando o caminho as suas irmãs Lígia, Zélia, Enóe,
Conceição, Anthea e Teresinha. Embora bacharel em Direito, foi no
magistério que se encontrou e se sentiu plenamente realizado.


A presença dos bons, como Paulo de
Almeida Campos, pessoa dotada de verdadeira grandeza humana, faz-nos um
bem inestimável, na medida em que restabelece em nós a esperança nas
grandes possibilidades de nossa vida finita.


O primeiro ocupante da Cadeira nº 43,
foi professor da Escola de Serviço Social e da Faculdade Fluminense de
Filosofia em Niterói. Foi professor titular e diretor da Faculdade de
Educação da Universidade Federal Fluminense, como também Doutor e
Livre-Docente. Assessor do professor Anísio Teixeira, com quem
trabalhou por nove anos, participando da implantação do sistema
educacional de Brasília. Publicou diversos trabalhos e colaborou nos
jornais Gazeta de Cordeiro, o Nova Friburgo e o Diário de Notícias.
Pertenceu a várias academias e são incontestáveis as suas premiações.


Meus colegas de sodalício


Oportuno é ressaltar o que Emanuel de
Macedo Soares historiador e membro das academias Niteroiense e
Fluminense de Letras, assim escreveu sobre Paulo de Almeida Campos:


O professor altense viveu a vida no
cenário da sala de aula. Correu mundo em busca do aperfeiçoamento.
Deixou em inúmeros cargos públicos por que passou a marca indelével de
seu fazer.


Fazendo aquilo em que acreditava e acreditando naquilo que fazia.


Assim como o professor Helter Barcellos, orador de amplos dotes, no prefácio do livro Tema e Teimas da Educação, fez tecer as seguintes considerações:


Como homem de letras, Paulo de
Almeida Campos tem contado em páginas de inexcedível beleza sua terra e
sua gente. Seus discursos acadêmicos, suas orações de paraninfo e seus
ensaios exibem estilo definido e firme de quem sabe manejar com
destreza os delicados instrumentos da comunicação escrita.


Paulo de Almeida Campos permaneceu entre os vivos até o dia 7 de março de 1991.


Empresta o seu nome a uma rua em Niterói e também a uma escola, no bairro de Icaraí.


Nas palavras de Alaor Scísino foi “cidadão do mundo que residiu por longos anos, na sala de aula.”


Maria José Arueira de Meirelles


Foi a 2ª ocupante da Cadeira nº 43, sendo minha antecessora.


Nasceu em Campos dos Goytacazes , em
25 de novembro de 1920 numa noite de estrelas indormidas mas bafejada
pelo perfume das rosas e ninada em doces acalentos.


Fez seus estudos primários em sua
terra natal e o secundário em Cachoeiro de Itapemirim , Espírito Santo.
Era enfermeira diplomada pela Escola de Enfermagem Anna Nery, com
especialização em Relações Humanas pela Pontifícia Universidade
Católica.


Queremos personificar nossa homenagem
na figura impar de Maria José Arueira, a nossa querida Zezé, como nós a
chamávamos aqui, nesta Casa da Amizade, onde ela também porfiou por
muitos anos, como sócia voluntária, servindo ao próximo. Ela soube dar
de si, sem pensar em si, atuando com assiduidade no braço humanístico
de Rotary Internacional. Por conseguinte sobreleva destacar que tive a
ventura de com ela conviver, sabendo do seu profundo senso poético, da
extensão de sua pureza e a dimensão de sua integridade.


Além de Acadêmica foi também humanista.


O acadêmico Luiz Antonio Pimentel assim se expressou sobre a poesia de Maria José Arueira:


Seus versos são livres como as ondas dos canaviais de sua terra natal, quando bate o nordeste sobre a Planície Goitacá.


(...) É pura inspiração. Sublimação de sentimentos. Decantação das idéias. Magia de ritmos. Malabarismo de palavras.


A corroborar tal entendimento,
sabemos que os primitivos habitantes dessa planície, os valorosos
índios da nação Goitacá, eram altivos e briosos defensores da
liberdade. A história das lutas daquele povo e admirável: nenhum fugiu
ao combate, semearam o exemplo de heroísmo e a boa semente nunca deixa
de germinar.


Seus trabalhos literários foram
publicados no jornal O Fluminense, na Tribuna, em jornais de Macaé ,
Petrópolis e São Gonçalo. Em 1988 publicou o livro de poemas Castelo Interior e em 1997, Cara a Minha Alma.


Era detentora das medalhas Tiradentes e Jubileu de Ouro da Academia Niteroiense de Letras.


Em 1999 foi agraciada com o título de Cidadã Honorária de Niterói.


Maira José Arueira Meirelles, a tão querida Zezé, nos deixou em 05/08/2005.


Senhores Acadêmicos


É com o espírito de ordem, do
trabalho, da harmonia, da conversa aveludada, que atravesso as
respeitáveis soleira da Academia Niteroiense de Letras, não em busca,
da precária imortalidade, mas para usufruir da companhia dos senhores,
sob a égide da inspiração acadêmica.


Nesta longa sucessão de feitos que
formaram a tradição e o prestígio da Cadeira que agora venho assumir,
uma importante lição é extraída dos numerosos exemplos que acabei de
lembrar.


Esta é uma cadeira do ensino, da
educação, da literatura, exigindo da nova acadêmica, uma sintonia
espiritual com sues antecessores, com aqueles que nos dados jogados
pelo destino vieram a ocupar a mesma poltrona.


Acredito que no postular meu ingresso
nesta Casa de Cultura e ao merecer a consagradora aprovação ficou
marcada essa significativa honraria que sobreveio do julgamento isento
dos nossos ilustres confrades, o que é para esta protagonista das
Ciências Jurídicas, momento deveras gratificante.


Aproveitamos este momento solene para patentear o pacto de amor perene com os amigos aqui presente e com meus familiares.


Quero tê-los comigo por muitos anos na alegria da vida, na festa do amor.


Agradeço aos amigos acadêmicos Waldemir de Bragança e José Guasti a gentileza de introduzir-me neste consagrado salão nobre.


Deus que me trouxe até aqui, sabendo
que continuo fiel a minha simplicidade e as minhas origens, há de
continuar a iluminar-me os passos.


Termino a milha fala, deixando
registrado em meu discurso, o nome dos meus netos que são produtos de
um longo entrelaceamento de amores. Thiago, Nathália, Maria Vitória,
João Lucas, Leandro, Carolina, Luiza e Henrique.


Muito obrigada!



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